Mil Estátuas de Gelo no Porto
O momento durou pouco mais de 30 minutos.Uma escassa meia hora comparada com os vertiginosos dez dias em que a artista brasileira Néle Azevedo criou o "Monumento mínimo"- intervenção plástica constituída por mil estatuetas, de 20 centímetros, feitas de gelo - incluído na programação do Festival Internacional de Marionetas, que este ano adoptou um novo modelo, reunindo as mais diversas artes.
Hoje, pontualmente às 17 horas, a Praça D. João I, no Porto, começou a ser habitada por figuras de gelo, homens e mulheres, que com a ajuda do público presente ficaram sentados na escadaria frontal ao Teatro Municipal Rivoli.
"É lindíssimo! Tem um grande impacto visual. Ao contrário dos grandes monumentos que só chamam a atenção pelo seu tamanho, estes seres tão pequeninos e efémeros vão ficar para sempre guardados no coração", comentou Lara Soares, artista plástica, de 24 anos, que durante quase duas semanas, como voluntária, acompanhou de perto todo o trabalho de preparação de Néle Azevedo.
A ideia da artista de Minas Gerais era "ir contra os padrões dos monumentos clássicos, feitos só para enfeitar e que pouco funcionavam como memória".
Os aplausos que se ouviram, após a visão completa da instalação, coincidiam com a opinião generalizada de que se assistiu a um "momento único", onde se deu largas "à retrospecção e ao sonho".
De facto, à medida que as peças derretiam, a questão da metáfora que ali estava subjacente - todos somos marionetas - foi comentada em vários grupos. Tal como disse, ontem, Néle Azevedo "Não há morte, apenas uma transformação da matéria".
(in Jornal de Notícias)
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