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11 novembro 2006

S. Martinho



Cavalos, Castanhas e Água-Pé
"O verão de S. Martinho é esta instituição outonal que normalmente nos traz sol, coisa que o verão propriamente dito em S. Martinho do Porto raramente nos traz. São as sempre ironias do destino …
É tempo de feiras gastronómicas, de cavalos e de fado, claro está. Cheira a castanhas assadas, a vinho e água-pé e o Ribatejo está no auge.
A Golegã é o ponto alto da festança para aficionados e para os que não perdem pitada quando o cenário tem badalação. Há excelentes demonstrações na arte de bem cavalgar em toda a sela e os cavaleiros e as amazonas vestem-se como manda a lei. Não têm idade. Ao colo ou apoiados na bengala montam a cavalo, mostrando que de pequenino se torce o pepino e que a idade não faz perder o jeito.
Na Golegã, nesta semana anual em volta do S. Martinho, respira-se Portugal.
Há grandes patuscadas, boas comezainas e prova-se o vinho novo.
A água-pé escorre pelas gargantas. Soam os trinados das guitarras, há vozes fadistas, cheira a cavalo. O marialvismo está ao rubro. E ainda há homens de patilhas farfalhudas … E ainda os há de “calça cagada, bota cardada “ …
Umas boas gargalhadas e ameaços de briga também fazem parte do folclore que envolve a época e o local. A excelência da água-pé ganha as culpas quando há confusão.
Os visitantes também se vestem a rigor para estes dias que constam da agenda social obrigatória dos mais mundanos.
Se para uns ir à Golegã é participar num desfile de vaidades, para outros é uma oportunidade única para celebrarem a alma portuguesa, mostrando orgulhosamente as suas montadas e fazer alguns negócios.
Se quiser estar bem vestido para a ocasião opte pelas calças de ganga ou de bombazina. As saias e blusões devem ser de pele. As botas ou botins são fundamentais no conjunto, e, claro, o chapéu ou a boina para completar. Se tiver frio não se esqueça da samarra ou mesmo do capote (se não tiver nada disto, vá mais cedo e aproveite para comprar o último modelo e invente algum sítio onde vestir a sua nova pele).
Mas se o vento não o levar para o Ribatejo deixe-se estar onde estiver, e faça o seu magusto. É uma boa oportunidade para juntar os amigos ou até para retribuir algum convite.
Abasteça-se de castanhas e de bom vinho. Descubra a escondida água-pé a quem chamam agora outra coisa qualquer para fingir que não é. Junte ao petisco mais umas iguarias e ponha os amigos a pagar multas (ou não).
Junte à receita uma fadistada ao vivo ou na aparelhagem e … vai ver a festança que é … Para quem não gosta de refeições muito formais e tem que retribuir, está aqui a sua oportunidade. Vai sentir cheiro a castanhas e água-pé com toda a certeza. Só não vai sentir o cheiro a cavalo …"

In Diário Digital - Protocolo em Dia / Margarida de Mello Moser